Segurança

Policial federal réu por homicídio continua recebendo gratificações e ministrando cursos pela PF

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Ricardo Matias Rodrigues, agente especial da Polícia Federal desde 2006, está lotado na Diretoria de Combate ao Crime Organizado e à Corrupção (Dicor) e recebeu mais de R$ 22 mil em gratificações e diárias por viagens a trabalho entre novembro de 2020 e fevereiro de 2025. Ele ministrou cursos de gestão de crise e segurança em cidades como Brasília (DF), Goiânia (GO), Paracatu (MG) e Eunápolis (BA), com valores pagos pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, em média R$ 2 mil por atividade, conforme a Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso (GECC). Formado em ciências econômicas, com especializações em inteligência competitiva, contrainteligência corporativa e MBA em gerenciamento de crises, Rodrigues atua em temas como domínio de cidades, plano de defesa, crime articulado e novo cangaço. Apesar de réu por homicídio duplamente qualificado e tentativa de homicídio desde 2016, ele segue exercendo funções na PF, nove anos após o crime ocorrido durante uma festa em barco.

O agente será julgado novamente pelo Tribunal do Júri de Brasília em 16 de dezembro, após a anulação de sua condenação inicial a 24 anos de prisão pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2019, devido a falhas procedimentais que violaram princípios como correlação, plenitude de defesa e contraditório. No crime, Rodrigues é acusado de matar o bancário Cláudio Muller, de 47 anos, com um tiro no abdômen, e de ferir Fábio Cunha, então com 37 anos, que sobreviveu a um disparo no peito. O incidente ocorreu em uma embarcação no Lago Paranoá, durante a comemoração de aniversários, motivado por uma discussão entre mulheres presentes, que escalou para agressões. Rodrigues alega legítima defesa, afirmando que sacou uma pistola Glock 9mm após sua esposa ser agredida, e admite ter consumido bebidas alcoólicas, embora sua defesa minimize para duas ou três taças de vinho. Testemunhas contestam que ele se identificou como policial, e não houve prisão em flagrante.

Após o crime, Rodrigues foi homenageado com honrarias máximas por polícias militares de seis estados: Bahia, Goiás, Mato Grosso, Tocantins, Rio Grande do Norte e Pernambuco. A PF abriu processo administrativo, restringindo seu porte de arma e viagens sem autorização, mas ele não foi exonerado. Seu salário como agente especial em 2025 é estimado em R$ 21.987,38, podendo subir para R$ 25.250 com reajuste, mais adicionais por tempo de serviço. Caso condenado e o processo transite em julgado, ele corre risco de exoneração conforme o artigo 92 do Código Penal. A Justiça condenou-o a indenizar Cunha em R$ 50 mil, após pedido inicial de R$ 800 mil.

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